Meio de saco cheio da literatura, resolvi postar essa mensagem meio sem nada a ver com o blog, mas que tem a ver com as coisas que me definem, a literatura entre elas, mas em menor escala no momento.
Hoje passei a tarde com meu pai. Minha mãe teve que sair e estamos sem acompanhante.
Cheguei lá, ele tinha acabado de deitar. No meio da tarde, fui até o quarto olhar se estava tudo calmo. Ele dormia coberto por uma colcha de tricô feita pela mãe dele, minha avó. Dormia, simplesmente. Pensei que ele poderia estar apenas gripado, com febre, como tantas vezes esteve.
Quando adoecia, antes do Alzheimer, meu pai gostava de ficar quieto na cama dele, sem ninguém em cima para chateá-lo. Uma febre, ficava rouco. Ia tomando remédio, descansando, se alimentando e aí, ficava bom.
Uma das coisas que sempre volta à minha cabeça agora, quando o vejo com ar abatido, sem falar muito, é que parece que ele está apenas gripado. Fica aquela esperança iludida e tola, essas coisas que passam pela cabeça da gente. E se ele estivesse apenas gripado? Semana que vem estaria bem. Como é difícil a idéia de uma situação irreversível entrar de fato na cabeça da gente, né?
É como passar diante do prédio onde moraram os meus avôs, por anos e anos. Que coisa estranha eles não estarem mais lá. Mas a lembrança é tão viva que é como se ainda estivessem.
Engraçado que a doença do meu pai fez eu me lembrar de muitas coisas legais dele que havia enterrado debaixo das mágoas e frustrações. Hoje eu sinto uma saudade dele que nunca imaginei que sentiria. Por isso que às vezes penso que aquilo é apenas uma gripe, pois o sinto saudável e carinhoso lá do jeito dele de uma maneira muito viva dentro de mim. E isso é bom.
Em tempo, se alguém conhecer um acompanhante de confiança aqui no Rio, por favor, escreva para mim: daniel.estill @ gmail . com (é só tirar os espaços)
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Um comentário:
um comentário atrasado, apenas no tempo cronológico...
É como me sinto quando ele ainda me chama de "filhoca". Usei o "ainda" de propósito!
beijos da irmã igualmente saudosa, Dê
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