sábado, agosto 27, 2011

Alexandres Dumas, mosqueteiros e Monte Cristo

Um feliz reencontro com esses clássicos que a gente lê em adaptação quando estamos descobrindo a literatura sem saber e agora temos em tradução integral. Edições caprichadas da Zahar, traduzidas e anotadas por André Telles e Rodrigo Lacerda.
Espero que venham mais.

domingo, agosto 07, 2011

Doris Lessing, Virginia Woolf e a crítica literária

Escreve Doris Lessing na introdução à coletânea A casa de Carlyle, de Virginia Woolf:
Ela é uma escritora que alguns adoram odiar. É doloroso quando alguém cuja opinião você respeita profere um discurso de antipatia, ou mesmo de ódio, por Virginia Woolf. Sempre quero argumentar com essas pessoas: mas como você não consegue ver quão maravilhosa ela é... Para mim, suas duas grandes realizações são Orlando, que sempre me faz rir, um livrinho tão espirituoso, perfeito, uma preciosidade, e Passeio ao farol, que penso ser um dos melhores romances da língua inglesa. Mesmo assim, gente dotada do mais fino discernimento não consegue encontrar nada de bom a dizer. Quero protestar, afirmando que sem dúvida não se deveria dizer "os horríveis romances de Virginia Woolf", "o tolo Orlando", mas sim "eu não gosto de Virginia Woolf". Afinal, quando pessoas da mesma categoria, de discernimento equivalente, adoram ou odeiam o mesmo livro, o mínimo de modéstia, o mínimo de respeito pela notável profissão de crítico literário seria dizer: "Eu não gosto de Woolf, mas esta é apenas a minha inclinação."
Destaquei o final, pois essa sempre foi a minha opinião. Não gostar de um artista é uma questão pessoal. Não reconhecer a importância, o talento, a habilidade e o que mais um artista de quem não gostamos tem de positivo, é uma questão de discernimento. Existem uns tantos escritores que já li bastante, como Raduan Nassar, por exemplo, que julgava adorar, mas que, com o tempo, descobri que me fascinava, como o grotesco às vezes nos fascina, mas de quem não gosto. Mas quem pode, honestamente, dizer que Lavoura arcaica não é um livro fascinante? Ler gente assim, como Virginia Woolf, Raduan, ou Clarice Lispector, que escrevem coisas desagradáveis, que nos incomodam, e dizer que são ruins porque nos incomodam é confundir a obra com o efeito que ela nos causa.
E no caso de um crítico literário, ou resenhista, desmerecer uma obra por não ter gostado dela sem reconhecer que isso meramente é uma questão de gosto não é uma atitude de honestidade intelectual, mas sim de preconceito. Você pode dizer por que não gostou, até mesmo por que achou ruim. Mas também pode, e deve, dizer que não gostou, apesar de ser bom. E, principalmente, aceitar simplesmente que outras pessoas gostem de coisas que você acha um lixo por que encontram lá coisas que servem a elas e não a você, ou que até mesmo enxergam qualidades que você, ou eu, não tívemos olhos para ver.


O Fábio Sombra chegou da Flip e me trouxe uns livros de presente, um deles foi esse, A casa de Carlyle e outros esboços, de Virgínia Woolf, traduzido por Carlos Tadeu Galvão. Uma coletânea organizada por David Bradshaw e publicada aqui pela Nova Fronteira, com a citada introdução de Doris Lessing. Também me trouxe dois lançamentos do Rubem Fonseca, outro autor com quem passei a implicar mas que, mais do que reconhecer o valor, reconheço que me influenciou num nível tão pessoal que extrapola até mesmo a literatura. Só questiono se essa influência foi positiva ou negativa.