quarta-feira, outubro 24, 2007

Quase a mesma coisa, Umberto Eco

Estou começando a ler o Quase a mesma coisa, do Umberto Eco, tradução de Eliana Aguiar e revisão técnica de Raffaella Quental, pela editora Record.

Um livro sobre tradução do Umberto Eco é ótimo para a nossa quase invisível profissão. É importante chamar a atenção para o nosso trabalho. Em geral, quando falam de tradutores e tradução é para botar defeito, raramente se escreve na imprensa algo sério sobre o ofício.

Fora isso, o Eco fala de coisas que, quem traduz, já sabe há muito tempo, mas é bom ver em livro, principalmente livro de Umberto Eco. Por exemplo:

"(...) O tradutor, ao contrário, sempre traduz textos, ou seja, enunciados que aparecem em algum contexto lingüístico ou são proferidos em alguma situação específica." (pág. 49)
É importante que as pessoas percebam isso muito bem. Muita gente acha que traduzir resume-se a traduzir palavras, bastando para isso olhar no dicionário. Para os clientes que compram tradução, isso é especialmente importante. Quando dizemos a um cliente que cobramos por palavra, às vezes perguntam coisas do tipo "E as palavras repetidas? Tem diferença de preço para palavras grandes e pequenas?". Aí, é preciso explicar que a palavra (ou lauda, ou página, ou caractere) é apenas uma unidade de cobrança, que na verdade, o trabalho do tradutor é traduzir o texto como um todo.

O tipo de leitura que um tradutor faz do texto é algo para um outro post. Por enquanto, fico por aqui, só para não parecer que o blog estava abandonado de vez.