"A quem possa interessar", Paulo Henriques Britto, em Macau
“A quem possa interessar”? Por aí
não se chega jamais a parte alguma.
O impulso é de outra espécie: uma pressão
quem vem de dentro, e incomoda. No fundo
é só isso que importa. O resto é o resto.
E no entanto nesse resto está o múnus
público da coisa – vá lá o termo -
o que dá trabalho, o que impõe um custo
sem benefício claro à vista, e às vezes
acaba interessando até quem nunca
se imaginou como destinatário
de uma – digamos assim – “carta ao mundo”,
que é o que a coisa acaba sendo e tendo sido
desde o começo. Como sempre. Como tudo.
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