"(...) Aliás, obras didáticas consideram que a contribuição do índio se limita ao uso da rede de dormir, à domesticação da mandioca e à preservação de palavras de origem tupi. Suas formas de ver e sentir o mundo, sua relação com o ambiente e seus ritos são ignorados. A maioria dos estudantes acaba vendo o índio de forma simplista, apenas como um ser do passado."Homens invisíveis, Leonêncio Nossa.
Não, não são do passado. Os conflitos que estão ocorrendo no sul da Bahia são reais e presentes, muito presentes. E não são únicos. Os jornais puxam nossos olhos para lugares distantes, para a geopolítica do Oriente Médio, mas o nosso genocídio local é bem disfarçado, nossas Faixas de Gaza são muitas, mas não as vemos, e não, não são coisa do passado. Infelizmente, a tragédia indígena brasileira chama muito mais atenção dos estrangeiros do que de nós mesmos. Eu nunca tinha ouvido falar de Sydney Possuelo, ignorante eu. Um sujeito que desperta amor ou ódio, mas que incomoda, de uma forma ou de outra. Vim saber dele por causa deste livro: The Unconquered, que estou traduzindo, e depois, por causa deste: Homens invisíveis. Ambos ótimos. Ambos relatos de uma mesma expedição, a diferença, curiosíssima, é que um foi escrito do ponto de vista de um jornalista americano, o outro, de um brasileiro. Muito interessante de comparar.
Há tempos, lia Maíra, do Darcy Ribeiro, os livros de Márcio Souza, uma coletânea de lendas indígenas do Xingu. Já tinha ouvido falar dos irmãos Villas Boas. O assunto sempre me despertou a curiosidade. Mas é isso que os índios despertam entre nós, a curiosidade por algo exótico, que já foi. Não, não, ainda são, apenas, praticamente invisíveis.
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