sexta-feira, setembro 30, 2005

Marlow e o trabalho (O coração das trevas)

"(...) Não gosto de trabalhar. Preferia vagabundear e pensar em todas as coisas boas que podem ser feitas. Não gosto de trabalhar - nenhum homem gosta -, mas gosto do que existe no trabalho - a oportunidade de encontrar-se a si próprio. Sua própria realidade - para você mesmo, não para outros -, aquilo que nenhuma outra pessoa jamais poderia saber. Eles podem apenas ver o resultado final, mas nunca dizer o que realmente significa." (pág. 55)

Marlow está enfiado num posto de comércio nos confins da África. Era para ter encontrado um vapor para o seu comando. Mas o barco partira sem ele e afundara rio acima. O trabalho que o aguarda, em meio a negros derrotados e brancos alienados, é recuperar o barco do fundo do rio e colocá-lo a seu serviço. Tudo está contra ele, nenhum apoio. Faltam peças e ferramentas e tudo demora semanas, meses, para chegar. Coisas básicas, como os rebites com os quais fixar as placas no casco avariado. O trabalho é o que lhe resta, seja por que meio for.

Nenhum comentário: